domingo, 30 de agosto de 2009

Apresentação

Fundado em junho de 1989 por Jorge Narciso Caleiro Filho, seu filho Maurício, e Luiz Ernesto Kawall, o Museu da Voz reúne uma coleção de mais de 5.000 vozes e cerca de 25.000 discos, entre LPs e CDs, fiel à certeza de que preservar a memória é uma forma de reafirmação de identidades culturais.

A partir de 1997, o Museu, que funciona na na Praça Benedito Calixto,no bairro de Pinheiros, na capital paulista, passa a ser
gerido apenas por Jorge Caleiro, que investe também na aquisição, preservação e comercialização de memória visual, destacadamente imagens antigas de cidades e dos universos artístico e esportivo.

No ano em que completa 20 anos de existência, o Museu da Voz lança, à guisa de comemoração, este site em forma de blog, para registrar sua trajetória e permitir que amigos de todo o Brasil possam tomar contato com nossas atividades e produtos.

Conheça, nos posts abaixo, um pouco sobre o nosso acervo.

Seja bem-vindo e divirta-se!

Vozes

Nosso acervo de 5.000 vozes reúne desde os primeiros registros da voz humana até gravações raras e entrevistas exclusivas.

Na área internacional, destacam-se as vozes de Freud, Walt Disney, Bertold Brecht (defendendo-se ante a comissão macartista no senado norte-americano) e a polêmica gravação original de Orson Welles narrando uma suposta invasão da terra por marcianos em "A guerra dos mundos", entre centenas de outras opções.

Deve-se mencionar, ainda, discursos de políticos das mais diversas tendências, como Winston Churchill, Mussolini,
Franklin D. Roosevelt, Fidel Castro, Che Guevara, François Mitterand, Felipe Gonzalez, entre tantos outros.



Trecho de depoimento de Donga, pioneiro do samba, ao MIS (02/04/1969)


O acervo
de vozes nacionais, consideravelmente maior, tem como destaques Santos Dumont, Monteiro Lobato e o discurso de Juscelino Kubitschek despedindo-se do Senado em 1964, após ter sido cassado, além de várias jóias raras e ausentes dos grandes arquivos.

Dispomos também de uma enorme gama de depoimentos sobre a história da música e do samba (como o de Mário Lago, foto), além de uma série de entrevistas e de discursos que compõem um painel da vida política no país nos últimos 40 anos.

Ex-Presidente Juscelino Kubitschek fala sobre Diamantina (MG)

Velha Guarda

A "Velha Guarda" foi, inicialmente, a razão de ser do Museu da Voz, já que grande parte da coleção inicial do museu era formada por discos do gênero, que Jorge Caleiro garimpou de forma diletante, enquanto exercia outras atividades profissionais.


Francisco Alves - Dona da Minha Vontade (Francisco Alves - Orestes Barbosa)



A chamada "Era de ouro" da música brasileira - do fim dos anos 20 a meados dos anos 40 - é o ponto mais forte de nossa coleção, que inlui as discografias completas de Francisco Alves (o "Rei da Voz"), de Orlando Silva ("O cantor das multidões", na foto acima) e de Sylvio Caldas ("O caboclinho querido"), além da obra original de Noel Rosa na íntegra, na voz do próprio compositor e de seus primeiros intérpretes.


Sylvio Caldas - "Serenata" (Sylvio Caldas - Orestes Barbosa)


Além desse "cardápio básico" completo, temos uma grande quantidade de gravações de Vicente Celestino, Carlos Galhardo, Nelson Gonçalves, Gilberto Alves, Mario Reis, Cyro Monteiro e dezenas de outros artistas - incluídos os hoje praticamente desconhecidos Albenzio Pierrone, Déo e João Petra de Barros.


Carlos Galhardo - "Alguém" (José Maria de Abreu e Oswaldo Santiago)



As mulheres se fazem presente no canto de Aracy de Almeida, Carmem Miranda, Dalva de Oliveira, Isaurinha Garcia, Linda e Dircinha Batista, Elizeth Cardoso e tantas outras belas vozes.


Aracy de Almeida - "Último Desejo" (Noel Rosa)



Tangos
Além da "Velha Guarda" nativa, cultuamos um nicho especialmente dedicado ao tango. O destaque, é claro, é Carlos Gardel, seguido por grandes nomes como Libertad Lamarque, Juan D'arienzo, Hugo Del Carril, Alberto Castillo, Aníbal Troilo, Francisco Canaro, Astor Piazzolla, Adriana Varela, além de uma profusão de orquestras e de intérpretes no mais das vezes desconhecidos do público brasileiro.


Carlos Gardel - "A Media Luz" (Edgardo Donato - Carlos Cesar Lenzi)

Música Popular Brasileira Moderna

Do samba-canção aos dias atuais, com passagem obrigatória pela bossanova, pela tropicália e pela MPB dos anos 70/80 - e sem deixar de incluir a vanguarda paulista, o rock nacional, as safras de novas cantoras dos anos 90 e o movimento mangue-beat - o Museu da Voz prestigia a rica diversidade musical brasileira em seu acervo. Inclui raridades diversas, como as lendárias gravações do maestro Leopold Stokowski com músicos brasileiros, o LP "Musica do Cangaço", a trilha sonora de "Deus e o Diabo na Terra do Sol", os primeiros LPs de Alceu Valença, Walter Franco e Zé Ramalho, além do belo disco de Chico Buarque com arranjos de Ennio Morricone que ilustra este post.


Cartola - "Corra e Olhe o Céu" (Cartola)



Além dos gêneros já citados, cultuamos com particular atenção a chamada "música caipira de raiz" (não confundir com sertanejo-pop dos anos 80/90), do mestre João Pacífico, de Raul Torres e Florêncio, Tonico e Tinoco, Cascatinha e Inhana, Pena Branca e Xavantinho e de tantas duplas e artistas desse Brasil profundo.


Cascatinha e Inhana - "Meu Primeiro Amor" (Hermínio Gimenez)

Sopranos e tenores

O Museu da Voz é especializado em sopranos das mais diversas coloraturas, possuindo uma coleção selecionada de gravações - a maioria em LP - de Bidu Sayão, Renata Tebaldi, Erna Sack, Deanna Durbin, Jeanette MacDonald e da grande Maria Callas, entre outras.


Na seara masculina, embora ofereçamos produtos de artistas como José Carreras, Jussi Björling, Placido Domingo e Dietrich Fischer-Diskeau, nossa especialidade é o bel canto italiano, desde Caruso, passando por Benjamino Gigli, Tito Schipa, Mario Del Monaco, Gino Becchi, Di Stefano e chegando a Pavarotti.


Gino Becchi - "La Estrada del Bosco" (C.A. Bixio, E. Ermenegildo, N. Salermo)

Jazz e Música Instrumental


Em termos de música instrumental, o forte do Museu da Voz é o repertório brasileiro, destacadamente o chorinho de mestres como Jacob do Bandolim, Waldir Azevedo, Luiz Americano e a imbatível dupla Pixinguinha e Benedito Lacerda e de grandes instrumentistas como Abel Ferreira, Carlos Poyares, Maurício Carrilho.


Pixinguinha e Benedito Lacerda - Vou Vivendo (Pixinguinha)

Além disso, oferecemos um numeroso repertório de grandes orquestras brasileiras (Sylvio Mazzucca, Severino Araújo, Simonetti) e de músicos dos mais variados estilos, como o mítico Cazé, o gênio Garoto, os excepcionalmente dotados Victor Assis Brasil, Raphael Rabello, Egberto Gismonti, Hermeto Paschoal, Dua Assad, entre tantos outros.

Brazilian Jazz Quartet (com Casé ao saxofone) - Alone (A. Freed - N. H. Brown)

Poetas

O Museu da Voz

O afã
de resguardar os tempos
para além da fugaz memória,
numa amplidão sonora legada
à posteridade.


A consciência
de que o homem/nação
se constrói de estórias/histórias
ação cumulativa cultural transformadora.


O aprendizado
da valorização das raízes,
múltiplas vozes/vidas humildes
descerrando trilhas alternativas,
na gênesis árdua do amanhã.


O exercício
da pesquisa/garimpo buscando reter
do artista a arte
do contestador a luta
do poder a obra
sob a chama implacável do devir.


O sonho-ave
de alcançar o tempo ido
sem máquina ou nave,
de restaurar o esvaído,
de retornar infindo na constelação
o brilho/luz do astro findo.


Sendo o próprio Jorge Caleiro, autor dos versos acima reproduzidos, um poeta em vias de lançar seu primeiro livro, o Museu da Voz cultiva a poesia brasileira com carinho e esmero.

Nossa coleção na área contempla virtualmente tudo o que foi lançado no Brasil em disco (LP e CD), com destaque para os álbuns duplos de Vinicius de Moraes e de Carlos Drummond de Andrade, os celebrados LPs do selo Festa e notáveis gravações como a dos Jograis de São Paulo (com Rubens de Falco e Armando Bogus), de Juca de Oliveira e do saudoso Paulo Autran recitando poemas.
Mas há muito mais a explorar nesse tereno em nosso acervo.

Por falar em Autran, oferecemos também um bom número de gravações históricas de peças de teatro, destacadamente o "Liberdade, Liberdade", de Millôr Fernandes e Flávio Rangel (com o próprio Autran), a premiada montagem de "Morte e Vida Severina", de João Cabral de Mello Neto, com músicas de Chico Buarque, o "Arena conta Zumbi" de Augusto Boal, com trilha sonora composta por Edu Lobo, e, entre outras opções, o "Opinião", reunindo Zé Kéti, João do Vale e Nara Leão.




Paulo Autran recita "Poema de Sete Faces", de Drummond.

Fotos

Nossa seção de memória visual é dominada por um grande número de fotografias antigas (de direitos autorais sob domínio público), em que se destacam as vistas de cidades, os retratos de artistas do passado e os grandes times e ídolos esportivos.

(Rua Direita, centro de São Paulo, 1900 - Fotógrafo desconhecido)

Venha conhecer o nosso acervo!

Temos muito, muito mais a oferecer!

Todos os sábados, das 08:00 às 19:00hs.

Praça Benedito Calixto, box 117 (
ao lado da praça de alimentação - clique aqui para ver um mapa de como chegar).

Consulte-nos: museudavoz@bol.com.br